Hemoterapia

O SANGUE

As tentativas de usar o sangue para curar doenças vêm desde a pré-história. Durante muitos séculos, no entanto, os resultados foram totalmente infrutíferos, sendo que as primeiras transfusões, que datam de meados do século XVII, eram quase sempre feitas com sangue de animais.

A transfusão é classicamente dividida em três períodos: a era pré-histórica, que vai até a descoberta da circulação sanguínea pelo médico britânico William Harvey, no início do século XVII. O segundo, o período pré-científico, vai de 1616, ano da descoberta da circulação, até o início do século XX, quando o pesquisador austríaco Landsteiner descobre o grupo sanguíneo ABO. O terceiro período – chamado científico – começa com a descoberta de Landsteiner, chegando até os dias atuais.

Já no período científico, a falta soluções anticoagulantes que permitissem a estocagem do sangue coletado de doadores condicionava a transfusão a ser feita braço a braço. As pesquisas prosseguem e, entre as duas guerras mundiais, desenvolve-se a solução anticoagulante à base de citrato de sódio. Com isto, abre-se a possibilidade da existência de bancos de sangue como são conhecidos atualmente.

Ao contrário da Europa, o sistema transfusional brasileiro baseava-se na doação remunerada: doadores dos bancos de sangue públicos e privados recebiam pagamento. A prática favorece a proliferação dos bancos de sangue privados que traz, em seu bojo, o recrutamento de pessoas doentes, alcoólatras, mendigos e anêmicos. Contra ela, insurge-se a Associação de Doadores Voluntários de Sangue (ADVS), dirigida por Carlota Osório – uma incansável batalhadora da causa pela doação não remunerada e da distribuição gratuita de sangue pelo Estado para quem precisasse.

Quanto ao processo físico por que passa O Sangue Total, esse permite a produção de diferentes hemocomponentes que são: Hemácias; Plaquetas; Leucócitos; Plasma e Crioprecipitados.

2. COMPONENTES E TIPOS SANGUINEOS

A bolsa de sangue total coletada em uma doação de sangue pode dar origem a hemocomponentes, estes são os produtos gerados em serviços de hemoterapia através de técnicas de centrifugação  que permitem o fracionamento da bolsa de Sangue Total em Concentrado de Hemácias, Concentrado de Plaquetas, Plasma Fresco Congelado e Crioprecipitado. Estes hemocomponentes são utilizados para transfusão sanguínea, sendo que cada bolsa proveniente de uma doação pode beneficiar até 04 pacientes.

Os grupos sanguíneos mais conhecidos são do tipo A, B, O ou AB e do sistema Rh(D). Há uma maior prevalência dos grupos O e A e menor do grupo AB, assim como a prevalência menor é do grupo Rh(D) negativo é mais difícil de encontrar na população em geral enquanto que o Rh(D) positivo tem uma maior prevalência.

Grupos sanguíneos (ou tipos sanguíneos) são determinados por certas características imunológicas do sistema eritrocitário com presença específica de antígenos na superfície eritrocitária e também de anticorpos naturais (e às vezes adquiridos) contra grupos sanguíneos diferentes. Hoje são conhecidos mais de 30 grupos sanguíneos de importância transfusional.

Grupos sanguíneos de grande importância Transfusional são os do sistema ABO (A,B,O,AB) e os do sistema Rh(D). Além desses, temos outros que também têm importância transfusional, como Kidd, Duffy, MNSs, Lewis, dentre outros, que podem ser responsáveis por Reações Transfusionais e também causar a doença hemolítica do Rh.

Outra característica do grupo ABO é a presença de anticorpos naturais (anti-A ou anti-B) que são produzidos regularmente a partir dos 6 meses de vida. O indivíduo do grupo A produz anticorpos anti-B ; os do grupo B produzem anticorpos anti-A; os do grupo O produzem anti-A e B e os do grupo AB não produzem anticorpos contra o sistema ABO, pois possuem a expressão dos 2 antígenos (A e B) na superfície eritrocitária.

O sistema Rh (ou fator Rh) é composto por antígenos denominados D,d,C,c,E,e presentes na superfície eritrocitária. O mais imunogênico é o antígeno D. Os indivíduos que expressam o antígeno D são chamados de Rh positivo e os que não expressam (são do tipo d) são chamados de Rh negativos.

Neste sistema não há a presença de anticorpo natural e ele só é produzido quando uma pessoa, que não apresenta um desses antígenos na superfície eritrocitária, entra em contato com sangue de pessoas que possuem esse antígeno, através de transfusões ou gestações (contato do sangue da mãe com o feto). Neste caso chamamos este tipo de anticorpo de irregular. A incompatibilidade neste sistema é um dos principais responsáveis pela doença hemolítica do RN.

A seleção do hemocomponente deve ser ABO compatível. Nos pacientes Rh(D) negativos também deve haver a compatibilização do sistema Rh. O teste de Compatibilidade Transfusional visa à identificação da compatibilidade/incompatibilidade entre antígenos das hemácias do doador com os anticorpos presentes no soro/plasma do receptor.

Um indivíduo pode ter sangue de um dos quatro grupos sanguíneos O, A, B ou AB que funciona da seguinte forma:

Doador

Receptor (Paciente)

B

B – AB

A

A – AB

AB

AB

O

AB – B – A – O

  1. USOS E APLICAÇÕES DE HEMOCOMPONETES:

A Hemoterapia moderna se desenvolveu baseada no preceito racional de transfundir-se somente o componente que o paciente necessita, baseado em avaliação clinica e/ou laboratorial, não havendo hipótese alguma indicação de Sangue Total.

Transfusões

A transfusão de hemocomponentes e hemoderivados é uma forma de tratamento particularmente a pacientes com doenças hematológicas e os submetidos a procedimentos invasivos. Se por um lado, a transfusão pode salvar vidas melhorando a saúde do paciente, por outro, ela pode levar a serias complicações imediatas ou tardias ao receptor, como qualquer outro procedimento terapêutico. Sabemos que o sangue e seus componentes não possuem substitutos sintéticos ou similares adequados, são obtidos exclusivamente da doação voluntaria e altruísta de sangue, tornando-se um recurso escasso e finito.

A transfusão de sangue pode ser considerada um tipo de transplante, pois o sangue é um tecido líquido que contém antígenos e anticorpos que potencialmente podem provocar uma resposta imunológica no receptor. Por isso deve ser criteriosa

Reações Transfusionais

Definida como qualquer evento adverso desfavorável decorrente de uma transfusão de sangue ou hemocomponetes. Seu reconhecimento correto é obrigatório para uma terapêutica e prevenção adequada. De acordo com o momento de aparecimento, podem ocorrer durante ou após a transfusão. Quando ocorre até 24 horas após o término da transfusão são chamadas de Reações Transfusionais Imediatas e após 24 horas são chamadas de Reações Transfusionais Tardias. Podem ser de causa imunológica ou não imunológica e também de causa infecciosa ou não infecciosa

Testes Pré-Transfusionais

São testes laboratoriais imunohematológicos pré transfusionais  que visam selecionar hemocomponentes compatível com o receptor para se efetivar uma transfusão de sangue. Que são de acordo com a classificação ABO/Rh(D) do receptor / Pesquisa de anticorpos irregulares / Teste de compatibilidade transfusional (prova cruzada).



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